Previsões para 2013 - Construção
Publicado em 08 janeiro 2013
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O desempenho da economia brasileira foi decepcionante em 2012. Mas, alguns setores ressentiram-se mais fortemente dessa quase paralisia no ritmo geral das atividades, da produção e dos negócios. É o caso da construção civil, especialmente do segmento habitacional. Após o bom desempenho observado em 2011, que contou com os estímulos de uma fase particularmente ativa do Programa "Minha Casa, Minha Vida", as grandes construtoras do país foram obrigadas a diminuir significativamente a quantidade de novos lançamentos, já no segundo semestre de 2012, não só em decorrência da forte queda observada no número de vendas contratadas, como também, e principalmente, por conta dos obstáculos e empecilhos que já apontei em outros tópicos deste blog.
O cenário para 2013, caso não ocorra alguma mudança imprevista, é ainda pior. As 17 maiores construtoras do ramo imobiliário no Brasil já divulgaram previsões iniciais para o corrente exercício, indicando, em conjunto, uma redução nos investimentos de quase 50% em relação ao volume aplicado em 2011. É uma queda extremamente elevada e muito superior às previsões mais pessimistas que tinham sido feitas ao fim do terceiro trimestre do ano passado. Evidentemente, como o setor da construção civil é responsável por 15,5% do PIB, ou do total de riquezas produzidas anualmente no país, é de se prever que a diminuição dos investimentos nessa atividade comprometerá o conjunto da economia nacional e impedirá, ou pelo menos retardará, a tão desejada retomada do crescimento.
Existe um efeito social mais imediato desse quadro, que achei importante abordar neste tópico de previsões. Com efeito, no ritmo anterior de atividade, a construção civil estava ocupando cerca de 6% da força total de trabalho nacional e era responsável por uma massa salarial superior a R$ 30 bilhões por ano. Trabalhava-se em regime de plena ocupação e havia uma grande dificuldade no recrutamento de novos operários para o setor. A grande imprensa divulgou, fartamente, previsões da possível ocorrência de um "apagão de mão de obra", potencializado pelas obras dos estádios e demais equipamentos em construção para a Copa do Mundo de Futebol. Essa foi uma expectativa frustrada e, no momento, já convivemos com excedentes não ocupados e com uma parcela preocupante de desempregados oriundos deste segmento.
As medidas de incentivo à construção civil, divulgadas pelo governo no final do ano passado, trouxeram alento ao setor, mas, na prática, elas foram insuficientes para garantir a efetiva retomada do ritmo de atividade observado em 2011. Para que esse objetivo seja alcançado têm que ser postas em prática outras medidas mais abrangentes e sustentáveis, entre as quais já tive oportunidade de destacar, neste blog, a eliminação dos absurdos entraves burocráticos que oneram o setor, elevam o preço dos imóveis e retardam a execução das obras e a entrega das novas moradias.